terça-feira, 27 de setembro de 2016

DO LIVRO IMITAÇÃO DE CRISTO

LIVRO III


CAPÍTULO 30

Como se há de pedir o auxílio divino e confiar para recuperar a graça 

1. Jesus: Filho, eu sou o Senhor, que te conforta no dia da tribulação (Na 1,7). Vem a mim quando te achares aflito. O que mais te impede de receber a consolação é que tarde recorres à oração. Antes que ores com atenção, procuras consolar-te, recreando-te com vários divertimentos exteriores. Daqui vem que pouco proveito tiras de tudo, até que conheças que sou eu quem salva do perigo os que em mim esperam, e que fora de mim não há auxílio valioso, nem conselho útil, nem remédio durável. Uma vez, porém, que recobraste alento depois da tempestade, procura readquirir forças à luz das minhas misericórdias; pois estou perto, diz o Senhor, para tudo restaurar, não só com integridade, mas também com abundância e profusão. 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

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Cidade do Vaticano (RV) – Como todas as manhãs, o Papa Francisco celebrou a missa na capela da Casa Santa Marta. Em sua homilia, comentou o Evangelho do dia, que apresenta o rei Herodes inquieto porque, depois de matar João Batista, se sente agora ameaçado por Jesus. 
Na nossa alma, afirmou o Papa, existe a possibilidade de sentir duas inquietações: uma boa, provocada pelo Espírito Santo para realizar boas ações, e outra má, que nasce da consciência suja. Herodes estava preocupado com o seu pai, Herodes o Grande, depois da visita dos Reis Magos. Os dois resolvem suas inquietações matando, passando sobre “o cadáver das pessoas”

Avidez, vaidade e orgulho
Essa gente que provocou tanto mal, que fez mal e tem a consciência suja e não pode viver em paz, porque vive numa coceira contínua, numa urticária que não os deixa em paz... Essa gente praticou o mal, mas o mal tem sempre a mesma raiz, todo mal: a avidez, a vaidade e o orgulho. E todos os três não deixam a consciência em paz; todos os três não deixam que a inquietação saudável do Espírito Santo entre, mas levam a viver assim: inquietos, com medo. Avidez, vaidade e orgulho são a raiz de todos os males”.

Osteoporose da alma
A primeira Leitura do dia, extraída do Livro do Eclesiastes, fala da vaidade:
“A vaidade que nos enche. A vaidade que não tem vida longa, porque é como uma bolha de sabão. A vaidade que não nos dá um ganho real. Qual ganho tem o homem por toda a fadiga com a qual ele se preocupa? Ele está ansioso para aparecer, para fingir, pela aparência. Esta é a vaidade. Se queremos dizer simplesmente: "A vaidade é maquiar a própria vida. E isso deixa a alma doente, porque se alguém falsifica a própria vida para aparecer, para fazer de conta, e todas as coisas que faz são para fingir, por vaidade, mas no final o que ganha? A vaidade é como uma osteoporose da alma: os ossos do lado de fora parece bons, mas por dentro estão todos estragados. A vaidade nos leva à fraude”.

Trapaceiros
“Como os trapaceiros marcam as cartas” para vencer e, depois, “essa vitória é falsa, não é verdadeira. Esta é a vaidade: viver para fingir, viver para fazer de conta, viver para aparecer. E isso inquieta a alma". São Bernardo - recordou o Papa - disse uma palavra forte aos vaidosos: "Mas pense naquilo que você vai ser. Você vai ser comida para os vermes. E todo esse maquiar a vida é uma mentira, porque os vermes vão comer você e você não vai ser nada". Mas onde está o poder da vaidade? Levado pelo orgulho em direção do mal, não permite um erro, não permite que se veja um erro, cobrir tudo, tudo deve ser coberto”

Jesus é o nosso refúgio
“Quantas pessoas conhecemos que parecem ... ‘Mas que boa pessoa! Vai à missa todos os domingos. Faz grandes ofertas à Igreja’. Isto é o que se vê, mas a osteoporose é a corrupção que tem dentro. Há pessoas assim, - mas há pessoas santas, também! – que faz isso. Mas a vaidade é isso: se parece com rosto de pequena imagem e, depois, a sua verdade é outra. E onde está a nossa força e segurança, o nosso refúgio? Lemos no Salmo: 'Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração". Por quê? E antes do Evangelho recordamos as palavras de Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Esta é a verdade, não a maquiagem da vaidade. Que o Senhor nos livre destas três raízes de todo os males: a avidez, a vaidade e o orgulho. Mas sobretudo da vaidade, que nos faz tanto mal”. (BF-SP)

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Papa em Assis: diálogo para compreender a grandeza do outro


Cidade do Vaticano (RV) – Quase 800 anos atrás, período em que cristãos e muçulmanos se confrontavam nas cruzadas, São Francisco indicou e colocou em prática o caminho a seguir: o diálogo.Séculos se passaram e o exemplo do Santo de Assis continua sendo o único meio válido para a paz, num período em que a humanidade vive a “III Guerra em pedaços”, como a define o Papa Francisco.Quem evoca este episódio de S. Francisco neste Dia de Oração pela Paz é o Definidor-Geral da Ordem Franciscana para a América Latina, Fr. Valmir Ramos, que recorda: “O dom da paz é incomensurável”.
"O caminho da paz é realmente o diálogo, unir as forças e, antes de mais nada, olhar aquilo que é realmente o bem da humanidade. O valor da paz é incomensurável, ninguém consegue medir a importância e o valor da paz, talvez as pessoas que passam por situações de violência ou quem sabe, piores ainda, de guerra, é que podem de fato valorizar um minuto de paz. Foi uma iniciativa extraordinária, iluminada por Deus, que S. João Paulo II convocou este momento de encontro em 1986 para a Oração pela paz e, em Assis, que é muito significativo por causa da ação, do modo de vida de S. Francisco de Assis. Por isso, realmente, este é um caminho muito importante que o Papa Francisco quis continuar.
O diálogo, como fez S. Francisco, é uma forma de compreensão e respeito do outro. S. Francisco de Assis foi conversar com os muçulmanos num período muito difícil da humanidade, quando os cristãos tentavam reconquistar alguns lugares, especialmente na Terra Santa através das cruzadas, ele foi conversar com os chamados “inimigos” não com armas, mas como irmão. Talvez por isso que o Papa S. João Paulo II tenha escolhido Assis como um local de encontro das lideranças religiosas para rezar pela paz, porque ele compreendeu perfeitamente que o diálogo é um caminho para a paz e hoje, mais do que nunca, o diálogo é o caminho para se compreender a grandeza do outro."

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Sim à vida


Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André (SP)


O Senado brasileiro lançou enquete relativa ao processo de legalização do aborto. A proposta é regular a interrupção voluntária da gravidez dentro das doze primeiras semanas de gestação pelo sistema único de saúde (SUS).
Qual orientação que a Igreja dá aos católicos? É evidente que cada um tem sua consciência e deve segui-la, pois cada um prestará contas de seus atos. Mas a Igreja a partir do Evangelho de Jesus Cristo, a partir da Palavra de Deus, orienta seus fiéis. E a orientação da Igreja é a favor da vida. Há valores que não se podem desprezar sob pena de se pagar um preço alto.
Não matar é um mandamento ontológico inscrito na consciência de cada membro da humanidade. É sol que ilumina o ser humano, a partir de dentro. Não se pode cancelá-lo. Se a vontade do povo, o capricho de alguns, o interesse de poucos, constituísse o direito, poderíamos então criar o direito ao roubo, latrocínio, etc. Aqui é preciso considerar que a luz de milhões de velas não corresponde à luz de um único sol.
É preciso ter presente que não há como legalizar o aborto, e este é o real objetivo. O direito à vida é uma cláusula pétrea da constituição (Art. 5). O aborto é a violação do direito à vida do nascituro. As campanhas em favor do aborto reduzem a questão somente a um de seus aspectos, qual seja, a saúde. Estão de costas para o povo, com a falácia de que defendem o próprio povo. A democracia supõe o direito à dignidade da pessoa humana. A pedra fundamental da dignidade humana é o direito à vida, sua defesa principalmente onde se encontra ameaçada, e justo ali onde não tem como se defender.
Poder-se-ia enumerar todo um arrazoado técnico-científico-social a favor do aborto. São opiniões que tem direito de existir. Porém não podem negar que o aborto é matar o feto que sente alegria, dor, e treme diante do bisturi. E diante do Deus da vida, é um crime, um pecado. Pode-se descriminalizar o aborto no papel, nas leis, mas não na consciência, porque nem tudo o que é legal é justo. A voz da consciência sempre perguntará como perguntou a Caim: “onde está seu irmão?” Por que a solução dos problemas sociais deve passar sempre pela morte dos mais fracos e não pela promoção da vida? Por que não usar a mesma diligência para promover leis que favoreçam a educação, saneamento básico e uma justa distribuição de renda?
Achar que a aprovação do aborto diminui violência é uma teoria oriunda de países ricos e divulgada por grupos de cientistas e estudiosos que trabalham a peso de ouro para instituições interessadas na diminuição da população pobre. Como afirmou a demógrafa Susana Covenaghi: “Alguns querem acabar com a pobreza. Outros querem acabar com os pobres.” Anos atrás o IBGE já deixou claro que o aborto não combate a violência e a população brasileira é contra o aborto.
O óvulo fecundado pertence ao gênero humano, tem código genético diferente de seus genitores, por isso a tradição jurídica proclama que o nascituro é pessoa humana e tem direito à vida. Na tradição crista haurida da Bíblia vemos Izabel que saúda Maria grávida de Jesus, como “mãe de meu Senhor” (Lc 1,43). Antes de nascer Jesus já operava a redenção, já recebia a profissão de fé que fundamenta o cristianismo: Ele é o Senhor!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Papa Francisco: a "lógica do depois do amanhã" e a transformação após a morte

“Se Cristo não ressuscitou, tampouco nós ressuscitaremos”. A partir deste trecho da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, o Papa desenvolveu sua meditação matutina na Casa Santa Marta, na manhã desta sexta-feira, dia 16 de setembro. Francisco então enfatizou a “lógica da redenção até o final”.
O Pontífice notou, com um pouco de amargura, que quando recitamos a última parte do Credo, o fazemos com pressa porque nos amedronta pensar ao futuro, à ressurreição dos mortos.
Lógica de Cristo
“É fácil para todos – observou – entrar na lógica do passado, porque é concreta”, e também é “fácil entrar na lógica do presente, porque o vemos”. Mas quando olhamos para o futuro, então pensamos que seria “melhor não pensar”. “Não é fácil – reiterou – entrar na totalidade desta lógica do futuro”.
“A lógica de ontem é fácil. A lógica do hoje é fácil. A lógica do amanhã é fácil: todos morreremos. Mas a lógica do depois de amanhã, esta é difícil. E isto é aquilo que Paulo quer anunciar hoje: a lógica do depois de amanhã. Como será? Como será isso? A ressurreição. Cristo ressuscitou. Cristo ressuscitou e está bem claro que não ressuscitou como um fantasma. No trecho de Lucas sobre a ressurreição: “Toquem-me”. Um fantasma não tem carne, não tem ossos. “Toquem-me. Deem-me de comer”. A lógica do depois do amanhã é a lógica na qual entra a carne”.
Perguntamo-nos, retomou o Papa, “como será o céu?”, se “estaremos todos lá”, mas “não entendemos aquilo que Paulo quer que entendamos, esta lógica do depois do amanhã”. E aqui, advertiu, “somos traídos por um certo agnosticismo” quando pensamos que “será tudo espiritual” e “temos medo da carne”.
Piedade espiritualista
Não esqueçamos, disse Francisco, “que esta foi a primeira heresia”, que o Apostólo João condena: ‘Quem diz que o Verbo de Deus não se fez carne, é do anticristo’.
“Temos medo de aceitar e levar às últimas consequências a carne de Cristo. É mais fácil uma piedade espiritualista, uma piedade de nuances; mas entrar na lógica da carne de Cristo, isto é difícil. E esta é a lógica do depois do amanhã. Nós ressuscitaremos como Cristo ressuscitou, com a nossa carne”.
O Papa recordou que os primeiros cristãos se perguntavam como Jesus ressuscitou e observa que “na fé da ressurreição da carne, estão enraizadas as mais profundas obras de misericórdia, porque há uma conexão contínua”. De outro lado, prosseguiu, São Paulo sublinha com ênfase que todos seremos transformados, o nosso corpo e a nossa carne serão transformados.


Transformação da carne
Ainda, recorda que o Senhor “fez-se ver e tocar e comeu junto com os discípulos após a ressurreição”. E esta “é a lógica do depois do amanhã, aquela que temos dificuldade de entender, na qual todos encontramos dificuldades para entrar”:
“É um sinal de maturidade entender bem a lógica do passado, é um sinal de maturidade se mover na lógica do presente, aquela de ontem e aquela de hoje. É também um sinal de maturidade ter a prudência para enxergar a lógica do amanhã, do futuro. Mas é preciso uma grande graça do Espírito Santo para entender esta lógica do depois do amanhã, depois da transformação, quando Ele virá e nos levará às nuvens, todos transformados, para permanecer sempre com Ele. Peçamos ao Senhor a graça desta fé”.

 L’Osservatore Romano

Stabat mater dolorosa

De pé, a mãe dolorosa
junto da cruz, lacrimosa,
via o filho que pendia.

Na sua alma agoniada
enterrou-se a dura espada
de uma antiga profecia

Oh! Quão triste e quão aflita
entre todas, Mãe bendita,
que só tinha aquele Filho.

Quanta angústia não sentia,
Mãe piedosa quando via
as penas do Filho seu!

Quem não chora vendo isso:
contemplando a Mãe de Cristo
num suplício tão enorme?

Quem haverá que resista
se a Mãe assim se contrista
padecendo com seu Filho?

Por culpa de sua gente
Vira Jesus inocente
Ao flagelo submetido:

Vê agora o seu amado
pelo Pai abandonado,
entregando seu espírito.

Faze, ó Mãe, fonte de amor
que eu sinta o espinho da dor
para contigo chorar:

Faze arder meu coração
do Cristo Deus na paixão
para que O possa agradar.

Ó Santa Mãe, dá-me isto,
trazer as chagas de Cristo
gravadas no coração:

Do teu filho que por mim
entrega-se a morte assim,
divide as penas comigo

Oh! Dá-me enquanto viver
com Cristo compadecer
chorando sempre contigo.

Junto à cruz eu quero estar
quero o meu pranto juntar
Às lágrimas que derramas.

Virgem, que às virgens aclara,
não sejas comigo avara
dá-me contigo chorar.

Traga em mim do Cristo a morte,
da Paixão seja consorte,
suas chagas celebrando.

Por elas seja eu rasgado,
pela cruz inebriado,
pelo sangue de teu Filho!

No Julgamento consegue
que às chamas não seja entregue
quem por ti é defendido.

Quando do mundo eu partir
dai-me, ó Cristo, conseguir,
por vossa Mãe a vitória.

Quando meu corpo morrer
possa a alma merecer
do Reino Celeste, a glória. Amém.